O saco by Aura
O saco
A minha mãe morreu no ano passado, tinha sido morta por um sujeito que ainda não foi identificado pela polícia. Foi a minha maior perda, a minha querida mãe, aquela que sempre me deu o amor e carinho de que precisava. A minha família também ficou devastada, principalmente o meu pai e a minha irmã gémea, a Luna.
A verdade é que eu nunca fui muito ligada ao meu pai, ele sempre preferiu a Luna. Eles são muito chegados, sempre foram, mas essencialmente, quando a minha mãe morreu. Estavam sempre juntos a falar alguma brincadeira, deixando-me muitas vezes de parte, mas não me importava, sempre fui daquelas que prefere ficar a ver.
Um dia, como não tinha nada para fazer e os meus parentes estavam prestes a sair, decidi segui-los. Queria ver quais eram as brincadeiras “divertidas” que iriam fazer. Estava tudo a correr bem, eles tinham ido ao cinema e a lojas que a minha irmã gostava, porém tudo ficou estranho na volta a casa. Já estava a anoitecer e não havia quase ninguém na nossa rua, apenas e só nós os três. Ficaram a olhar de um lado para o outro como se quisessem esconder alguma coisa. Fiquei a estranhar o comportamento e tirei o telemóvel do bolso rapidamente, queria ampliar a imagem para tentar ver o que levavam no saco e nem quis acreditar no que tinha lá dentro. Tinha ossos que pareciam ser humanos. Não pensei duas vezes, tirei foto e mandei para a polícia em anónimo. Como é que, depois deste tempo, eles puderam fazer algo assim, e pior, esconderam-mo, como se não fizesse parte da família.
O meu pai e a minha irmã largaram o saco ali mesmo e foram a correr para casa. Mal sabiam eles que eu tinha a prova de tudo. Uns cinco minutos depois do ocorrido, a polícia chegou ao local onde estava o saco na imagem que tinha mandado e foi batendo de porta em porta para ver se alguém os conhecia ou se alguém viu aquilo a acontecer. Fui a correr para lá cheia de lágrimas, disse-lhes que fui eu que mandei a foto e quem tinha feito tal coisa foram pessoas que eu tanto amava. Eles consolaram-me e perguntaram qual era a minha casa. Eu levei-os até lá, envolvendo-me nas lágrimas de desacreditação.
Arrombaram a porta. A Luna estava a chorar desesperadamente, assim como o meu pai. Os polícias não disseram nada, levaram-nos para o carro, assim como a mim, a testemunha.
Quando chegámos fizeram perguntas um a um. O pai e a minha irmã disseram que tinham recebido uma mensagem anónima de alguém para abrir o saco e ver se estava alguém por perto, porque seria uma grande surpresa.
Eu como uma pessoa sincera, disse a verdade à polícia, em momento nenhum os vi a olhar para o telemóvel e que aquilo era uma grande mentira. Como tinha provas de tudo e eles não viram mensagem nenhuma, foram presos com muita pena minha.
Mais tarde descobrimos que aqueles ossos eram da minha mãe e foram retirados da sepultura dela.
Credo, como é que alguém consegue ser assim tão incompetente? Um ano de buscas e nunca descobriram que a culpada de tudo na verdade era eu. Sim, fui eu que matei e desenterrei a minha mãe e incriminei a minha família. Porquê? Queria um pouco de diversão…
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