e então by Cora
E então, aquele sino soara. Soara como não soava há muito tempo, naquela terra longe do mundo. Mas nada mudara. Continuava tudo igual, naquele lugar isolado, onde meia dúzia de casas preenchiam o terreno gasto e infértil daquele lugar. E na fonte que se situava no centro da vila, refletia uma luz forte na água turva e parada, que cegava os olhos de quem lá passava. Devido a um número tão reduzido de habitantes, caso alguém espirrasse, o outro lado da vila já teria conhecimento. Mas a mim pouco me afetava. Mal saía de casa, muito menos para falar de uma vida que não me pertence. E os meus dias consistiam em trabalho e apenas. Viver sozinha há 5 anos tornou-me uma pessoa muito mais reservada e solitária, apesar de eu achar que essa solidão, de alguma maneira, era saudável. Saudável, pois pela primeira vez, senti-me confortável comigo mesma, acolhida no meu próprio eu.
Mas o inverno chegara. Passei de uma pessoa trabalhadora, produtiva e motivada, para uma que apenas existe. Existe sem viver ou querer. E o facto de estar sozinha, entristece-me. Os dias são mais curtos, e as noites mais longas. Insónias consecutivas que me impedem de dormir e que me consomem, todos os dias, a vontade de levantar, continuar, persistir. E a solidão tornou-se um sentimento pesado, que me faz sentir vazia, mas que se tornou a minha maior companhia.
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