A última brincadeira by Aura
A última brincadeira
Eu ainda era muito nova, tinha uns oito anos. Como qualquer criança de 1972, passava mais de metade do tempo fora de casa, a brincar com os meus amigos da cidade. Mas tudo mudou naquele dia…
Era uma belíssima tarde de verão, tinha passado o dia todo a brincar no parque perto de minha casa. A minha cidade era pequena, as únicas pessoas que passavam perto dali eram os pais para ver se estava tudo bem connosco, porém não estavam lá na hora que mais precisei. Já eram quase cinco da tarde, hora do lanche naturalmente, mas não para mim. Enquanto toda a gente enchia o estômago eu continuava a brincar sozinha no parque, o que me dava imenso gozo, era pacífico. Estava tudo a ir como nos outros dias, eu estava lá sozinha a brincar muito plenamente até que apareceu um homem. Tinha uma gabardina castanha clara e um chapéu muito bonito, porém eu não estava a gostar da presença dele, algo me incomodava. Ignorei o facto de ele estar ali, a minha mãe tinha saído para ir à casa de banho e avisou-me para a chamar caso algo aconteça, que há pessoas realmente más. Não devia ter ignorado o que ela me disse.
Eu estava no cimo do escorrega a jogar com os meus brinquedos quando senti uma mão a agarrar-me com toda a força no meu braço e a pôr-me um pano na boca. Só me lembro que após o ocorrido acordei numa sala muito pequena e desconfortável numa cadeira de madeira atada com uma corda daquelas que usamos para jogar à corda e com outro pano na boca. À minha frente estava o homem da gabardina e mais dois homens, todos com uma cara duvidosa e com uma faca em cada mão. Eles desataram-me sem tirar o pano da boca e ameaçaram-me afirmando que matariam a minha família inteira se eu fizesse qualquer tipo de barulho. Como qualquer pessoa que ama os seus não disse mais nada, foi quando eles começaram a tirar-me a roupa e violaram-me. Nunca me senti tão mal na minha vida, tão envergonhada. Como é que eu tinha ido parar naquele lugar? Ainda há pouco estava feliz no parque com a minha mãe e fui parar ali, com três homens a violar-me. O pior é que essa situação não foi o pior, tive que beber a minha própria urina, ser constantemente violada e torturada, isto tudo por um mês. Eles não me deixavam ver as notícias, não me revelavam o motivo, mas eu já sabia que os meus pais andavam à minha procura por todo o lado e eles queriam fazer-me acreditar que ninguém me amava e que eu merecia o que estava a passar.
Ao fim daquele mês no qual passei momentos horríveis os homens fartaram-se de mim, ouvi-os a falar sobre isso, que na próxima vez que nos encontrássemos todos seria para me torturarem até à morte. Foi aí que eu comecei a pensar, a minha vida foi tão curta, nem tive tempo de estudar, nem de brincar ou deixar de ser criança. Ia morrer ali, numa mini sala com três homens nojentos…
Tal como tinham dito, eu morri na reunião seguinte, eles torturaram-me até à morte com correntes, navalhas e chicotes. Eu tive uma morte muito dolorosa apenas com oito anos, pelo menos ninguém da minha família saiu magoado fisicamente.
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